terça-feira, 21 de abril de 2009

Carrapicho

O dito Carrapicho era uma das figuras mais estranhas da cidade. Tinha três paixões. Suas terrinhas, no Córrego fundo, a meia dúzia de vacas que tinha e as Festas de folia de Reis. As terras e as vaquinhas eram sua lida diária e a folia sua maior diversão. Onde trocava um triangulo que era feito com trilho de trem e tocado com um vergalhão desses de construção. Dizem que quando ele tocava ficava até meio que pendendo de lado, devido ao peso do instrumento.

Certa feita, Geraldo e Carrapicho foram para uma festa na cidade de Pedra do Anta. Partiram na sexta-feira e só voltaram na segunda. Quando estavam chegando ao sitio de Carrapicho, assim que atravessaram a porteira, sentiram um cheiro meio estranho. O velho Carrapicho procurou, procurou e quando assustou viu uma de suas vaquinhas atolada no brejo. Já morta. Estendida a léu e á própria fome dos urubus. Carrapicho pegou umas pedras e atirou. Uma depois outra. Até que todos os urubus fossem embora. E depois que os bichos partiram disse:

-Ô Geraldo vai lá dentro ascende o fogo, coloca o tacho de cobre com água pra ferver e uma gordura pra esquentar.

-Mas que isso Carrapicho, essa vaca já ta é fedendo.

-Sê bobo sô. Sal é barato, pimenta não custa dinheiro. Ce acha que eu vou desperdiçar carne.

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